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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Entranhas
Pariu. Lindo bebê cheirando a sangue fresco, perfeito em todas as suas partes, a vida em sua plenitude. Para ela, o lindo bebê era apenas a extensão de um falo sem nome que, contra a sua vontade, penetrou-a com ímpetos de violência em uma noite sem lua, sem estrelas e sem amor.
Olhava para a criança mas não via criança, via apenas uma bola de fogo, a mesma que sentiu sair de dentro de si. O que restava do falo, finalmente fora do seu corpo. Deixou-o ali, no mato. Houvesse anjo da guarda, a história teria um final feliz.
sábado, 8 de dezembro de 2012
De coração partido
Despetalava a flor em busca de um bem-me-quer. Sua dor só não era maior do que a da própria flor que tinha, uma a uma, as pétalas arrancadas.
sábado, 17 de novembro de 2012
À memória de Saramago
Entre longos períodos invertidos
digressões e pontos perdidos
vozes que teimam em não se calar
em um emaranhado labirinto linguístico
Até o momento
em que a luz se acende
o pensamento ascende
e tudo faz sentido
Saramago, o amargo é doce
e contemplativo.
sábado, 3 de novembro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Urgência
Quando sentires no peito
amor por alguém,
e junto com esse sentimento
o desejo de expressá-lo,
seja através de gestos
ou palavras,
não hesites
não deixes
que qualquer outro sentimento reles
iniba a manifestação do amor.
Aquele a quem amas
merece ouvir de tua boca
a frase das frases:
"eu te amo",
pois é a existência desta pessoa
que fez nascer em ti
o nobre sentimento.
Não sejas egoísta,
ao ponto de guardar o amor
só para ti,
deixa-o transbordar,
inundar o outro
não deixes para amanhã de manhã
não deixes para depois,
pois o amor é o instante
e tu, uma ínfima fagulha
da fogueira do universo
que o menor dos sopros
pode apagar.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
domingo, 21 de outubro de 2012
Pessoas
A estação Saint-Lazare - Claude Monet (1877)
São como objetos distantes
em movimento
nunca se sabe
se elas vem em nossa direção,
ou não.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Monarca
Ela era daquelas mulheres borboletas. Na infância, não passava de uma lagarta. Na adolescência, casulo. E de repente rompeu-se em esplendor, mulher feita. Quando tentei acariciá-la, bateu asas e voou.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Puxando o gatilho
Deu um tiro na cabeça. A presença e a onisciência de Deus levaram-no a cometer o ato atroz. Queria estar plenamente a sós.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
domingo, 2 de setembro de 2012
Puta feita
sua própria castidade, de Salvador Dalí, 1954.
Não precisava daquele corpo. Nunca precisou. Aliás, ele só havia lhe
trazido problemas. Para que tantas curvas? Atraía sem saber. Primeiro foi o pai
que lhe observava pelo buraco da fechadura durante o banho e, de noite, fazia
sempre questão de lhe por para dormir. O beijo de boa noite nunca vinha
sozinho. Depois, quando trabalhou em casa de família, foi a vez do marido da
patroa. Dava sempre um jeitinho de chegar em casa um pouco mais cedo, dizia
coisas e a comia com os olhos. Quando chovia, oferecia-se para levá-la em casa
de carro. Ela precisava do emprego, o pai, doente, não podia mais trabalhar. Contudo
seus pensamentos eram o oposto de seu corpo, neles não havia curvas. De quem a
culpa? Da natureza? De Deus? Queria ser virtuosa, mas suas virtudes se
desfaleciam em suas carnes. Não adiantava vestir roupas largas, qualquer
vestimenta lhe destacava as formas. Entregou os pontos. Perdeu para sua própria
carne, porque a carne predomina, a carne não é fraca, a carne é forte.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Todo poema
Todo poema
deveria ser escrito de vermelho
para saltar aos olhos dos que lêem.
Vermelho, mas não de sangue
vermelho apenas.
Poema é desabafo
aquilo que dentro do poeta não cabe mais
não é lamúria, sussurro ou suspiro,
é grito estertoroso de suicida
o leite que fervendo escorre leiteira afora
atingindo a chama
se juntando a ela
mas não a apaga
a alimenta.
Poema é ponta de faca furando barriga
o primeiro raio de sol que rasga a vista
dói, dói, incomoda
mas é sublime.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
segunda-feira, 23 de julho de 2012
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Participação em poemantologia
Editor: Carlos Emílio C. Lima
Organização das antologias: Carlos Emílio C. Lima, Cláudio Portella e Pipol.
Projeto gráfico: Augusto Oliviera e Carlos Emílio C. Lima.
Veja a lista completa dos poetas de todo o país incluídos naPoemantologia Portal Cronópios/Arraia PajéurBR:
BRUNO MOREIRA, EUNICE BOREAL, TOMAZ AMORIM IZABEL, ANDERSON PETRONI, MARCOS VINICIUS ALMEIDA, RENATA DE ANDRADE, ÂNGELA CASTELO BRANCO, NATHALIA RECH, OTAVIO RANZANI, ERYCK MAGALHÃES, VANESSA CAMPOS ROCHA, MÁRCIO ARAUJO, JOÃO NICODEMOS, NYDIA BONETTI, CLARICE LINDEN, WENDER MONTENEGRO, RAPHAEL BARROS ALVES, EMANUEL RÉGIS, ATHOS GUIOU, TALLES MACHADO HORTA, LUCAS DOS PASSOS, MARCELI ANDRESA BECKER, MARCELO DONATTI, FLÁVIA IRIARTE, CAROLINA CAETANO, WILSON TORRES NANINI, CHICO PASCOAL, GABRIELA MARCONDES, ISAÍAS FARIA, DARLAN M.CUNHA, GERSON CHAGAS, GRUPO POENOCINE: ARIANE ALVES DOS SANTOS, JONAS PEREIRA SANTOS, LUIS FELIPE DE LUCENA JUNIOR, MICHELL FERREIRA, PAULO SPOSATI ORTIZ E SIMONE SPILLBORGHS; MURYEL DE ZOPPA, ANA F., LÉO MACKELLENE, IVALDO RIBEIRO FILHO, DEMETRIOS GALVÃO, YLO BARROSO, MARCELO BITTENCOURT, RODRIGO VARGAS, REINALDO PIMENTA, CHICO SOMBRA, LUIZ VALADARES, KILITO TRINDADE, RENATA FLÁVIA, TITO DE ANDRÉA, CARLOS ALBERTO, TIAGO ALVES, ALUÍSIO MARTINS, AUGUSTO DE GUIMARAENS CAVALCANTI.
sábado, 7 de abril de 2012
Constituição
há textos que guardo com carinho
guardo-os em minha estante
guardo-os dentro de mim
levo-os comigo
para aonde for
eles constituem parte
do que sou
eu, parte carne
outra parte palavras
perambulo por aí
sexta-feira, 16 de março de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Vento, mar e praia
é o vento
que com a força da paixão
empurra o mar
que em ondas
se entrega
à praia
que com a força da paixão
empurra o mar
que em ondas
se entrega
à praia
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