Inesperadamente, não se sabe de onde, surgiu um homem com uma borracha
até certo ponto comum, e apagou todas as palavras do mundo. Insatisfeito,
entrou nas mentes de toda a gente e de lá arrancou todas as palavras.
Finalmente partiu para não se sabe onde, levando-as consigo.
Com muito custo, algum tempo depois, algumas pessoas começaram a se
lembrar de alguns vocábulos. Porém, por mais que se esforçassem, não conseguiam
se lembrar de seus significados. Logo, o que era até então conhecido como
árvore passou a ser chamado de terra, a terra agora era rio, o rio, nuvem.
Talvez o mais inusitado tenha acontecido com o amor que virou ódio. Não era
raro ouvir dos casais apaixonados a insólita declaração “eu te odeio”, dita com
extrema delicadeza e sinceridade que fazia apetecer qualquer coração.
No mais, tudo ficou como era antes, mesmo não sendo.
Você é muito criativo, parabéns!
ResponderExcluirBoa ideia de esvaziamento de linguagem... compor novamente os valores que é o lance!!
ResponderExcluirBravo!
André
perfeito, demais. fico com o comentário do André.
ResponderExcluirVocábulos....falar diferente...será? Assim o diferente logo será o mesmo...igual...o vício.
ResponderExcluirAbraços
Lucy
Odiei o texto - isso dito com toda a extrema delicadeza e sinceridade que existe nesse texto - e apetece qualquer coração.
ResponderExcluirMandou bem, Eryck. Em sua vitrine há mais que poesia. Há prosa em grande estilo, principalmente. Enfim, literatura da boa.
ResponderExcluir[...]
É impressão minha ou há neste miniconto alguma coisa do Saramago? Senti a presença do gajo nestas linhas. Vai ver a expressão lusitana "toda a gente" tenha me provocado esta impressão. Apareça lá n'O Muro. Tem coisa nova lá, ora pois.
Abraços.
W.G.